Aproveitas bem os "intervalos" com os teus filhos?
( para as aulas já lá estão os professores!)
Estou muito tempo em casa e consigo, por isso, acompanhar os meus filhos praticamente a “tempo inteiro”, mas há algo que nunca fiz, desde o primeiro dia de escola e que sei ser o dia-a-dia de muitas mães e pais com empregos fora (juro-vos que não sei como conseguem!): fazer os deveres com eles, estudar com eles, gerir a agenda escolar deles.
Acompanhar os nossos filhos no seu percurso escolar é muito válido, claro, mas não deve fazer com que nos sobreponhamos a eles no interesse, dedicação e responsabilidade que devem ter pelo seu próprio caminho, processo e resultados. A nossa presença deve ser muito mais de mentoria, de coaching, ser mais um tutor do que de explicador ou professor: para isso já lá estão os que de verdade têm essa função, na vida dos nossos filhos, certo?
É a nossa ansiedade que muitas vezes entra na equação, a nossa expectativa e necessidade de ver o seu desempenho ir de encontro ao que idealizamos e assumimos que o nosso papel é puxar por eles, ajudá-los a ter boas notas, metemo-nos demais, sufocamos interesse, curiosidade natural e sentido de responsabilidade, tirando autonomia, segurança e tranquilidade nas aprendizagens e no percurso.
Ainda que bem intencionados, tornamo-nos os chatos de serviço, e, acredito eu, com o efeito precisamente contrário ao pretendido!
“a vida não é a sala de aula. a vida é o pátio do recreio”
a. espinosa
Experimenta aliviar a pressão e não esquecer que as nossas crianças – e mesmo os adolescentes – são pessoas ainda em crescimento, precisam muito de brincar, de leveza e de diversão.
Porque não os acompanhamos com o mesmo empenho e dedicação, nesse lado lúdico e feliz da vida? Porque não exigimos, com o mesmo afinco, que se divirtam muito, que relaxem o necessário, que descansem e tenham tempo para não fazer nada?
No livro Descansar de Alex Soojung-Kim Pang, estão refletidos vários estudos que provam a importância do descanso, e do tempo livre para a criatividade, imaginação e pensamento inovador (que são as capacidades mais importantes para um futuro promissor!) e põe em causa a eficácia de horas intermináveis de esforço e trabalho apenas mental (sim, mesmo em adultos).
Experimenta, este ano escolar, mover a tua energia e dedicação para os momentos bem passados, as boas conversas sobre os assuntos que lhes interessam (as redes sociais, os pequenos episódios entre colegas, as dificuldades com amigos, os intervalos, tudo isso faz parte da Escola e das importantes aprendizagens que dela levamos para a vida!), solidariza-te com a dureza da vida escolar e assegura que há momentos de descontração, liberdade, natureza e desafio suficientes para que, depois, a escola seja um prazer - ou pelo menos, seja mais fácil cooperar quando não é ( o que infelizmente acontece muitas vezes!) - e talvez te surpreendas com os resultados!
com muito mãedfulness,
Mariana
Muito bem! Sem dúvida que o nosso papel fundamental é o de conselheiros... ensinando-os a ganhar brio e autonomia, a descobrir as suas maiores capacidades, e a desvalorizar o irrelevante - rumo à eudaimonia!
Ainda assim, nada contra os pais tb ensinarem coisas da escola (antes pelo contrário), mas para mim nunca o deverão fazer se para tal necessitarem anular sonhos e bem-estar próprios. Qq um só terá o melhor de nós se estivermos realmente bem - xô ansiedade!!