Será que as nossas crianças e jovens, precisam mais de instabilidade do que de estabilidade?
Não me entendam mal, por favor: precisamos de estabilidade emocional desde que nascemos, ela é o terreno fertil de todas as outras competências que valorizamos e queremos ver desenvolvidas: as diferentes inteligências, capacidades intelectuais e artisticas integração social e valores morais. Sem segurança emocional,sem um adulto, pelo menos, que seja fonte de vinculação segura e estável não vamos a grandes lugares no pontencial da nossa humanidade.😉
Portanto, não é disso que estou a falar. Estou a falar de lhes permitirmos desafios, desiquilíbrios, até. De lhes proporcionarmos experiências fora do seu lugar de conforto, sempre que possível (sempre que eles se sintam, mais uma vez, emocionalmente suportados para as quererem vivenciar), de acordo com a idade.
Vivemos num mundo impermanente, em constante evolução, com mil opções e multi-facetado. E, paradoxalmente, cada vez educamos mais as nossas crianças em contextos ultra-protegidos, previsíveis e (supostamente) seguros. ⛑
Adiamos, o mais que podemos, as suas primeiras aventuras, riscos e aproximações à vida real e quotidiana.Seja nas tarefas do dia a dia, nas responsabilidades pessoais, na envolvência com o seu meio e vivência da sua cidade ou localidade.
Não passam estradas, não andam a pé, não vão sozinhos, não sobem àrvores, não mergulham sem pé, não brincam em bando, no terreno baldio das traseiras. Não assumem responsablidade, muitas vezes, nem sequer pelo seu próprio percurso escolar. ⚠️
Procuramos assegurar os seus contextos o mais possivel: andam na mesma escola (e às vezes na mesma turma) os doze anos de ensino obrigatório, para não se separarem dos amigos; fazemos escolhas pessoais, muitas vezes desastrosas para a nossa própria felicidade e harmonia familiar, em nome da estabilidade das crianças, esquecendo que a forma pouco importa quando o conteúdo é forte; entramos em sua defesa quando algo os perturba, convidamos a turma inteira para a festa de anos, para ninguém se sentir mal, esquecendo que aprender a navegar, nesses altos e baixos da vida se chama inteligencia emocional.💡
Têm vidas formatadas, estruturadas até ao minuto antes de adormecerem finalmente e, muitas vezes, anestesiados pela luz azul dos telemóveis.
Há o risco que importa correr e o que só é nocivo. Há riscos disfarçados de redes seguras. E há experiências e contextos que parecem arriscados mas encerram em si o segredo para crescermos seguros de nós mesmos, confiantes na vida e nos outros.
Se há coisa que o mundo não é, é estável. Basta pensar que existimos, literamente, à boleia deste planeta azul que se vai movendo na sua via láctea.🌎
Foquemos a nossa atenção em dar, aos nossos filhos, segurança emocional, previsibilidade no afeto, em fazer crescer a sua estabilidade interna - e deixemo-los experimentar mais a maravilhosa aventura da instabilidade e turbulência necessária e inerente à vida. ♡
com muito mãedfulness,
Mariana
A hiperproteção não é óptima, de facto, a chave é o equilíbrio (e cada um terá o seu e deverá demonstrá-lo sem medo, à medida que se for conhecendo melhor) 😊