Ontem, numa conversa sobre a escola, e a experiência de este ano mudar para uma turma diferente, o João Maria disse isto: “ A turma antiga é faladora, é um pouco mal comportada mas conseguem ser bons alunos e os professores querem ajuda-los , ralham para puxar por eles. Das pessoas da minha turma, já desistiram. Metade da turma tem duas ou mais negativas. São problemáticos. Os professores já desistiram deles.”
A escola tem de ser feita para os alunos que tem não para os que havia antes ou para os que existem noutras escolas. Para os alunos que precisam dela. Que a pagam com os impostos dos pais.
A Escola não é feita para servir conteúdos programáticos, professores que nela lecionam, agendas políticas, rankings europeus ou pais que trabalham horas demais.
A Escola é feita para servir as crianças e adolescentes que a frequentam: os seus interesses, o seu bom desenvolvimento, as suas capacidades e o seu futuro.
E a Escola, sobretudo a pública mas a privada também - tem, acima de tudo, de ser feita para os que mais precisam dela, sistémica ou pontualmente. Os que não tem outra forma de ter futuro, se não for a escola a sustentar-lhes um bom presente. É abjeto a escola “desistir” de meninos de 12 anos.
É anti-ético definir uma Escolaridade obrigatória e não oferecer soluções que sirvam os que dela desistiriam se não o fosse. Não podemos tirar a escolha e não ter opção para os que não se encaixam dentro do que os obrigam a fazer.
Não deixamos os nossos adolescentes desistir da escola mas deixamos a escola desistir dos seus adolescentes.
Isto é semear a frustração, a sensação de abandono e de falta de futuro, com juros graves a pagar no tipo de tecido social de um país.
A Escola tem de passar a ser, urgentemente, uma comunidade de aprendizagem, como tão bem diz o inspirador, vanguardista e corajoso José Pacheco mas talvez ainda mais: têm de ser uma comunidade de criatividade, de partilha, de investigação e desenvolvimento.
As Escolas tem de passar a ser Comunidades de alegria, de bem estar, de desenvolvimento de competências, de troca, onde se fazem coisas, onde se inventam coisas, onde se experimentam coisas, onde se criam coisas e onde se aprendem coisas, também, claro.
A Escola tem de começar, urgentemente, a ser outra coisa. Não pode, nunca, é ser uma instituição onde de desiste dos seus principais beneficiários e utilizadores.
♥︎, Mariana