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Maturidade é sairmos do nosso umbigo, da nossa concha, procurarmos impactar positivamente a vida de alguém sem nenhum outro retorno que não seja presenciar esse mesmo bem estar do outro.
Uma grande parte disto consegue-se quando nos deixam assumir a nossa responsabilidade pessoal, que começa por ser possível, primeiro, acontecer sobre nós próprios e as nossas coisas e um dia irá transformar-se na responsabilidade que podemos e queremos ter no mundo, sobre os outros e a sua vida.
A maturidade pode demorar, muito, numa criança. Conseguir determinados comportamentos também está ligado a determinadas redes neuronais se conseguirem ativar e determinadas estruturas cerebrais estarem plenamente desenvolvidas.
Por isso, um primeiro passo para isto vir a contecer é a criança experiênciar o que é ser tratada com respeito e sem manipulação. Uma criança que cresce tratada com igual valor e respeito pela sua integridade , ainda que autocentrada durante muito tempo, dificilmente vai agredir o outro na sua integridade, praticar bullying ou causar dano. E não fazer mal é o princípio de fazer bem.
Fala-se muito sobre crescermos quando passamos por dificuldades na vida, por adversidades, por sofrimento. Mas isso não leva necessariamente a adultos maduros. Pelo contrário. Há muito mais possibilidades de nunca conseguirmos deixar de estar auto centrados nas nossas necessidades individuais se elas nunca foram atendidas.
Por outro lado, também se fala em frustração e resiliência, em crianças “mimadas” e também não é fácil crescermos em maturidade com pais ou cuidadores que não colocam os seus limites pessoais, que não se relacionam connosco com verdade e que não têm valores-guia bem definidos nas suas vidas, é verdade.
Mas não podemos confundir isto com a criança ser um centro importante da atenção dos seus pais, no sentido de estes a cuidarem com dedicação e a atenderem primeiro e colocarem o seu bem estar em primeiro lugar, precisamente porque ela precisa mais, tem menos recursos e capacidades de lidar com as sensações e emoções.
Quando educas com base em crenças do tipo:
“a criança tem de aguentar porque eu sou o adulto que manda”
“só lhe faz bem não ter tudo o que quer”
“as crianças não têm querer, eu é que sei o que é melhor para eles”
“ uma criança educada é ficar calada, não emitir as suas opiniões nem vontades e não incomodar os adultos”
promoves realmente a infantilidade dos teus filhos, não permites que cresçam e és, não o adulto responsável na sala, mas um miúdo carente a quem faltou atenção e respeito durante a infância.
Há um potencial grande para estas crianças parecerem “mimadas” , leia-se: estarem sempre a pedinchar coisas, fazerem birras grandes quando se sentem mal, estarem sempre a chamar a atenção, porque na verdade estão carentes de serem vistas e amparadas, de sentirem respeito por quem são e de pais que as cuidem como deve ser, que atendam as suas reais necessidades, sem desculpas.❧
Com muito mãedfulness,
Mariana