Para que serve uma Pré-Escola?
em defesa da obrigatoriedade de jardins-de-infância de qualidade
Para que serve uma [pré] Escola?
Para se criar, inventar, se superar limites no ambiente seguro e exploratório adequado à primeira infância.
Para se experimentar, misturar, testar crenças , cores ou texturas.
Para se ir mais além, pintar com as mãos, fora das linhas, ter livre expressão.
Para se mexer na terra, para brincar na [e com] a natureza. Para se descobrir novos significados do mundo, para se inventar novas estruturas - de legos ou de conceitos.
Para se abrir o coração, aprender a pensar pela própria cabeça e expandir a consciência.
Para se fazer muito de conta e sentir muito a sério : a chuva, o sol, a música, as emoções.
Para se aprender, de verdade, a ser humano e para isso tem de se ser, em primeiro lugar, respeitado e feliz, a maior parte do tempo.
A pré-escola não serve para parir alunos, mas sim para estar impregnada de infância.
A pré-escola não deve querer preparar ninguém para o futuro, deve conseguir dar a todos os meninos e meninas os melhores dias da sua vida presente,
deve encher o seu coração não a sua cabeça.
Uma boa infância, plena de brincadeira , exploração, liberdade e relaxamento é a base mais segura e a “preparação” mais eficaz para as etapas seguintes de aprendizagem.
As letras e os números, o cálculo e a leitura sucedem-se com mais sucesso ao tempo da imaginação, da musicalidade, do afeto e da ternura.
O foco numa coisa de cada vez, os tempos maiores de atenção interessada acontecem mais facilmente se antes deles houve tempo para a atenção dispersa, para o movimento e a criatividade.
A pré-escola merece uma existência autónoma e um nome por inteiro , ocupar a infância por direito próprio, sem antecipar nada ou padecer de identidade: infantário porque não, ou o tão possibilitador “jardim-de-infância”, pois claro, como nunca devia ter deixado de ser!
E este jardim -de -infância não pode tornar-se obrigatório se é um sítio onde se vai por obrigação e não por prazer, se não for um espaço amigo das crianças e do seu saudável desenvolvimento, se não cumprir a missão que tem:
que não é a de formar adultos funcionais, mas sim formar boas crianças: alegres, curiosas, distraídas e ligadas a si próprias.
Que, paradoxalmente, é a única forma de se tornarem, um dia, em bons adultos.
Com muito mãedfulness,
mariana