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Tecnologias na Escola: onde está o real problema
[ computadores, inteligência artificial & cérebros humanos]
Tenho assistido a um grande alvoroço por causa do chatGPT e o uso das ferramentas de IA e já assim foi com as calculadoras, com as calculadoras científicas, com o recurso à Wikipédia, ao Google.
Como limitar, controlar o uso destes programas pelos miúdos e na escola? Como tudo isto coloca em causa o “valor”dos trabalhos, a batota em relação ao “saber”, a autoria , o esforço e o mérito … um debate sem sentido.
O problema não é o uso da tecnologia na escola, o problema é a escola tratar os miúdos como “tecnologias”.
Os cérebros das nossas crianças e jovens querem criar, querem inventar novos mundos , novas realidades, querem ter eco na escola, na vida, no futuro.
As nossas crianças não querem ser receptáculos de matérias inóspitas, desinteressantes e dadas como palestras, sermões, pilhas de dados para memorizar. Não querem ser tratados como computadores.
Querem usar da sua inteligência, criatividade e visão do mundo para tirar o maior partido desses dados que já existem compiladdos e acessíveis, a um clique de distância.
Somos receptáculos do futuro, não do passado.
O passado serve-nos apenas na exata medida daquilo com que queremos servir o futuro.
A pesquisa “arqueológica”, o estudo da história, do saber pensado por outros antes, só nos vale dentro dos nosso interesses, inteligências, predisposições, pelo menos de forma massiva, de forma intensiva.
Semear curiosidade é uma coisa, impingir dados é outra que parece ser, cada vez mais, adequada a máquinas .
Os professores já não são os detentores da informação, da verdade, da matéria. Tudo isso está disponível de muitas outras formas, muito acessíveis e práticas. E divertidas.😉
E as nossas crianças percebem que não há qualquer interesse em fazer o trabalho ou ter as capacidades de um computador, uma calculadora, um telemóvel, um robot, um programa de IA. Se as máquinas já o fazem, para que importa os seres humanos perderem tempo a fazê-lo também?🤔
Quem és tu, então, Professor, neste século XXI? Para que serve a tua arte, a tua profissão? Qual é a tua missão?
A Escola não o é se fica presa num tempo que já não existe. Se o que estamos a ensinar e a avaliar na escola pode ser feito por uma máquina, a única conclusão possível é que temos de mudar o que ensinamos e voltar a definir o que importa na verdade “aprender”, no tempo presente e sobretudo, para servir o futuro.
Um abraço,
Mariana